ICNOVA/ CIC.Digital com três novos projetos de investigação aprovados pela FCT

O CIC.Digital/ICNOVA viu aprovados três dos seus doze projetos submetidos ao abrigo do Aviso Nº. 02/SAICT/2017- Projetos de Investigação Científica e Desenvolvimento Tecnológico (IC&DT).

– Projeto Redes de Participação Política em Portugal

Coordenado por Jorge Martins Rosa

Este projeto de investigação procura caraterizar as atividades comunicacionais de atores políticos não oficiais na plataforma online de rede social Facebook. As atividades dos atores selecionados para integrar o corpus serão monitorizadas e analisadas durante um período
que engloba as eleições para o Parlamento Europeu e as eleições legislativas portuguesas, recorrendo a ferramentas metodológicas dos «digital methods» e da «network analysis», e posteriormente através da netnografia e da análise de conteúdo. Esperamos com isso que os dados recolhidos permitam responder à nossa pergunta de investigação fundamental: Considerando o Facebook como plataforma que contempla a expressão e discussão de posições políticas, como é esta usada pelos atores políticos não oficiais portugueses, e qual o modo como estes alcançam e mobilizam os seus seguidores? Além dos habituais outputs
científicos, dos dados recolhidos e a sua análise resultará uma combinação original de métodos já consagrados, um workshop sobre «network analysis» e uso de dados pessoais disponíveis online, e ainda um retrato fidedigno da atividade online sobre assuntos políticos em Portugal, permitindo posterior comparação com o panorama internacional e potenciando o estabelecimento de redes de investigação com parceiros exteriores. A equipa, liderada por Jorge Martins Rosa e co-liderada por José Bragança de Miranda, conta ainda com Bernhard Rieder, Vânia Baldi, Marisa Torres da Silva, Daniel Cardoso e Janna Joceli.

– Projeto Para uma história do jornalismo em Portugal

Coordenado por Jorge Pedro Sousa

Nunca foi elaborada uma história do jornalismo português. O objetivo geral deste projeto é fazê-la. Entendendo-se que a produção historiográfica assenta no estabelecimento diacrónico de uma cronologia dos factos históricos, no entendimento contextual sincrónico destes factos e na sua periodização (divisão, por convenção, do tempo histórico), o projeto tem quatro objetivos específicos: 1. Construir, diacronicamente, uma história cronológica e narrativa do jornalismo português, que, no entanto, leve em conta, sincrónica e contextualmente, os aspetos normativos, políticos, económicos e culturais que condicionaram o seu desenvolvimento; 2. Realçar exemplos que documentem a evolução das práticas jornalísticas e do discurso jornalístico em Portugal, inferindo, a partir dos exemplos discursivos e da praxis jornalística, qual foi a influência do jornalismo na sociedade portuguesa, em especial na esfera pública (entendida como a estrutura de mediação entre o estado e o espaço privado, na qual os assuntos públicos são discutidos pelos atores sociais – Habermas, 1962); 3. Produzir uma história dos jornalistas em Portugal que apure as mudanças ocorridas no conceito de ?jornalista? e nas competências exigidas aos jornalistas e que apure, igualmente, os reflexos que essas mudanças tiveram no jornalismo, no recrutamento de jornalistas e na influência, posição e papel social do jornalismo e dos jornalistas; 4. Periodizar a evolução do jornalismo português comparando-a com a evolução do jornalismo noutros países ocidentais, tendo em conta o contexto legal, político, económico e cultural. A literatura permite propor três hipóteses: 1. O modelo autoritário em que o jornalismo português surgiu e se desenvolveu até à conquista da liberdade de imprensa (1820) atrasou a sua evolução e retardou a afirmação de uma esfera pública em Portugal; mas entre 1820 e 1926 a liberdade de imprensa, ainda que ocasionalmente restringida, permitiu que o jornalismo português se modernizasse, contribuindo para a consolidação da esfera pública. 2. Entre 1926 e 1974, o desenvolvimento do jornalismo português e, concomitantemente, da esfera pública, foi condicionado e refreado devido ao modelo autoritário e censório de jornalismo da Ditadura Militar e do Estado Novo; 3. A revolução de 1974 implantou um modelo revolucionário e político de jornalismo que ampliou (ou mesmo massificou) a esfera pública; esse modelo de jornalismo suscitou, em reação, o ressurgimento de um jornalismo industrial e noticioso, independente e com mira no lucro, fenómeno que se agudizou com a atribuição de frequências de rádio e de dois canais de televisão em sinal aberto à iniciativa privada, com a proliferação da televisão por cabo e da Internet em Portugal e com a crise no jornalismo provocada pela massificação da Internet e das redes sociais. As mudanças contribuíram para a espetacularização e para o sensacionalismo na informação, degradando a esfera pública, o que nem o ensino superior do jornalismo combateu.

– Projeto O impulso fotográfico: medindo as colónias e os corpos colonizados. O arquivo fotográfico e fílmico das missões portuguesas de geografia e antropologia

Coordenado por Maria Teresa Flores

“Photo Impulse” é outro dos projetos financiados, no ICNova. Teresa Mendes Flores é a investigadora principal e principal proponente do projeto que tem por objetivo estudar os álbuns de fotografias e os filmes produzidos pelas missões de Geografia e Antropologia, entre finais do século XIX e o início dos anos 1970. A grande maioria destas imagens pertencem ao Museu Nacional de História Natural e da Ciência (MNHNC), da Universidade de Lisboa, instituição parceira da FCSH, neste projeto. “O impulso fotográfico: medindo as colónias e os corpos colonizados. O arquivo fotográfico e fílmico das missões portuguesas de geografia e antropologia” visa contribuir para a inovação na área de pesquisa sobre o património cultural, no campo científico da história e da teoria da fotografia e do filme científicos, e para a crítica pós-colonial no campo das imagens. Pretende alcançar-se este objetivo associando as mais recentes tendências da historiografia destes media, que assentam numa perspetiva cultural e crítica, e as vantagens trazidas pelo uso das TIC (tecnologias da informação e comunicação). Esta aliança vai permitir não apenas encontrar novas dimensões heurísticas e considerações teóricas sobre as coleções de fotografia e filme sob estudo, como criar novas oportunidades de as mostrar a mais pessoas e a audiências mais diversificadas.

Da equipa de investigação fazem parte investigadores e investigadoras de diversas instituições. Da FCSH, participam  Margarida Medeiros, como co-investigadora principal, Fernando Cascais e Maria Teresa Cruz, ambos com grande experiência neste tipo de projetos, bem como, da ULHT, Victor Flores, do ICS, Filipa Lowdens Vicente, da Université Sorbonne Nouvelle, Teresa Castro, da FCT-Nova, Conceição Casanova, e do MNHNC, Catarina Mateus.

2020-04-07T12:12:12+00:00Julho 3rd, 2018|Categories: #CAProjetos, #MJProjetos, 2018, GI CM&A, GI M&J, ICNOVANotícias|