Está aberta até 15 de junho de 2019 a chamada de comunicações para a Conferência Internacional Fotografia e Viagem. A iniciativa decorre na Universidade da Madeira, entre os dias 24 e 25 outubro de 2019, em cooperação com a Universidade Nova de Lisboa / Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (NOVA FCSH) e Instituto de Comunicação da NOVA (ICNOVA).
A conferência acontecerá no contexto da reabertura do Museu da Fotografia do Madeira no século XIX – o Estúdio Vicentes e a exposição que terá sua abertura no momento da conferência.
Desde que apareceu em 1839, a máquina fotográfica era, pelo menos para uma elite, uma grande companheira de viagem. Até mesmo o seu início histórico em Inglaterra está ligado à viagem de lua-de-mel de Talbot ao Lago Como e à sua necessidade de transformar suas sensações perceptivas, mas flutuantes, em imagens imediatas e fixas.
Por outro lado, a industrialização que trouxe a locomotiva a vapor no século XVIII e, mais tarde, o comboio, inscreveu o turismo e o lazer, inexoravelmente, na estratégia de vida das classes altas. Em casal, com amigos, em família ou de forma solitária,, a viagem fundiu-se na vida e no imaginário da classe média e desencadeou todo um negócio, pioneiro na Europa com a companhia britânica Thomas Cook em 1841.
No que diz respeito às classes média e alta, viajar tornou-se pois uma compulsão, tendo como destino maravilhas como as pirâmides egípcias ou ruínas gregas, mas também para o esplendor das grandes cidades como Paris, Londres, Madrid, Roma, etc. A fotografia, como uma ferramenta documental que pode capturar a percepção fugitiva, tornou-se um dispositivo crucial, como podemos ver olhando para o primeiro álbum de gravuras a partir de daguerreótipos editado por Noel Paymal Lerebours, “Excursions Daguerréennes” (1840-1841). Uma das questões em jogo na relação entre viagem e fotografia é o que Walter Benjamin denominou de inconsciente óptico, que acompanhou a mudança da contemplação da paisagem em directo para a contemplação desta como imagem e, nesse movimento, a fotografia permite aos sujeitos ver o que não tinha sido efetivamente (nunca) visto.
A ligação entre fotografia e viagem no século XIX tornou-se não apenas um ponto crucial para qualquer família ou indivíduo, mas também uma ferramenta importante para viagens científicas, que exploravam fronteiras coloniais e culturas não ocidentais (em missões geográficas e etnográficas, por exemplo).
A fotografia estimula também os indivíduos a viajarem na imaginação e este foi um dos objetivos apresentados desde o início pelos pioneiros, o que significa que a fotografia que desencadeou viagens e as viagens desafiaram a fotografia desde os seus primórdios.
O objetivo desta conferência é trazer uma discussão profunda sobre este complexo elo entre fotografia, viagem e o sujeito moderno nos século XIX e início do XX (até 1920), um sujeito para o quem, como Jonathan Crary apontou, a tangibilidade do mundo se tornou essencialmente óptica.
Para além de submissões individuais podem ser apresentadas propostas de um painel (3 participantes) ou um simpósio (2 painéis).
As comunicações devem referir-se, entre outros tópicos, a:
- Viagens do século XIX
- Evolução do aparato fotográfico e sua relação a viagens;
- Fotografia, paisagem e modos de vida nas ilhas
- Fotografia da Ilha da Madeira;
- Fotografia de viagens em família
- Viagem etnográfica;
- Expedições geográficas;
- Álbuns fotográficos de viagem
- Fotografia e o imaginário da viagem ferroviária;
- Histórias de viagem de navio;
- Relatos de fotografia de viagem em jornais do século XIX;
- Vistas estereoscópicas relacionadas com viagem e o papel da estereoscopia
- Relação entre viagem e o nascimento do turismo
Línguas aceites: Português, Inglês, Francês e Espanhol
Resumos : 15 de junho para:
Carlos Valente: cvalente@staff.uma.pt>
Vítor Magalhães: vmagal@staff.uma.pt
Comunicação de resultados: até 20 de julho