A falta de representação de grupos marginalizados nos media portugueses é uma preocupação destacada no mais recente relatório regulatório divulgado pelo Centre for Media Pluralism and Media Freedom (EUI – CMPF). O relatório é resultado do projecto Local Media For Democracy Project, no qual participam os investigadores do ICNOVA, Dora Santos-Silva, Carla Baptista, Luís Bonixe, Luís Oliveira Martins e Patrícia Caneira.

Segundo o relatório, tanto os meios de comunicação públicos como os privados apresentam uma baixa representação de grupos minoritários, enquanto o envolvimento dos meios de comunicação locais com seu público é baixo. O estudo aponta para um número reduzido de programas dedicados à promoção da diversidade cultural e dos interesses das minorias nos principais canais de televisão pública e nos dois principais meios de comunicação comercial do país, SIC e TVI.

Com base nos resultados desta pesquisa, foi observado que o indicador de inclusão socialapresenta o risco mais elevado (61%), enquanto o de segurança dos jornalistas locais possui o menor indicador (21%). Além disso, de acordo com o estudo de 2022 do Media Trust.Lab, mais da metade dosmunicípios portugueses encontram-se em situação de “deserto de notícias” ou caminham para essa condição, destacando a necessidade de atenção urgente a essas regiões.

Um aspeto preocupante é a cobertura insuficiente nas áreas suburbanas, onde a mídia nacional muitas vezes aborda essas regiões de forma superficial, associando-as frequentemente a manchetes sensacionalistas sobre crime e pobreza.

No entanto, foram identificadas iniciativas promissoras, como o aumento do apoio estatal aos media, com um incremento de 37% nos subsídios a órgãos de comunicação social regionais e locais em 2022. O governo também anunciou planos para aumentar o apoio de mala direta (mailing) da imprensa regional e local, reconhecendo a importância desse setor para a democracia e para a diversidade informativa no país.

Destacou-se também, como um dado positivo, a presença de práticas interessantes de reportagem em nichos de línguas minoritárias estrangeiras, como o caso do jornal local de Lisboa, Mensagem, que oferece jornalismo em inglês e crioulo em parceria com o blog Lisboa Criola. Outras experiências digitais, como Afrolink, Revista Gerador, Buala e Revista Mulher Africana, também se destacam por seu foco nas comunidades afrodescendentes.

A falta de representação adequada dos grupos marginalizados nos media portugueses ressalta a necessidade urgente de uma maior diversidade e inclusão na cobertura mediática do país.

Para ler o estudo na íntegra clique aqui: https://cmpf.eui.eu/local-media-for-democracy-country-focus-portugal/

Versão em inglês /English Version: https://cmpf.eui.eu/wp-content/uploads/2024/02/Fact-Sheet_PORTUGAL_LM4D.pdf

Para mais informações sobre o projecto MPM veja a página: https://www.icnova.fcsh.unl.pt/projetos/the-media-pluralism-monitor-mpm/

(Texto: Gestão de Comunicação do ICNOVA)